Infelizmente sim, alguns pacientes podem apresentar diminuição da libido durante o uso de antidepressivos. A libido, também conhecida como desejo ou interesse sexual, é algo que varia de pessoa para pessoa, varia também conforme o momento, o ambiente e os estímulos. A frequência em que os antidepressivos causam redução na libido vão variar entre os diferentes estudos realizados e de acordo com a metodologia utilizada.

 

Na prática clínica o que vejo é que alguns pacientes podem apresentar diminuição do desejo sexual com um medicamento e não apresentar com outro.  Mas antes de sair trocando a medicação é bom alertar para o seguinte: precisamos considerar o efeito terapêutico da medicação na tomada de decisão. Isso porque, se um paciente responde a uma medicação não significa que vai responder a outra.

 

Além disso, não é que, trocando a medicação, este efeito vai desaparecer e o desejo sexual vai voltar ao normal. A “outra” medicação, ou “outras”, também podem causar diminuição na libido, e ainda assim existe o risco de não ter o mesmo efeito terapêutico.

 

Para contribuir ainda para a discussão, vale lembrar que alguns quadros em que essas medicações são utilizadas, como a depressão, o transtorno de estresse pós traumático (TEPT), transtornos de ansiedade e o transtorno de pânico, também podem ter um impacto significativo na qualidade de vida, inclusive causando redução na libido.

 

Assim, diante deste efeito colateral que infelizmente pode acontecer em alguns pacientes vamos ter algumas opções: 

 

- manter a medicação pelo período necessário, tentando manejar este efeito de maneira comportamental, 

- modificar a dose da medicação visando diminuir este efeito, 

- associar medicações que chamamos de “antídotos” para este efeito,

- trocar a medicação.

 

Enfim, colocando todos estes fatores na discussão, a melhor escolha do que fazer diante da diminuição do desejo sexual associada ao antidepressivo deve ser tomada em decisão conjunta com seu psiquiatra, ponderando os riscos e possíveis benefícios de cada escolha. Converse sempre com seu médico, não altere suas medicações por conta própria.