Muitos pacientes me perguntam se vão ficar dependentes dos medicamentos psiquiátricos. Inclusive muita gente sofre por vários anos com algum problema e reluta em passar com um psiquiatra com medo de precisar tomar alguma medicação.
Entendo esse medo.
O que acontece na prática é que quase todos os transtornos mentais são consequência de uma interação entre fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Com as medicações conseguimos muitas vezes corrigir os fatores biológicos e causar a remissão do problema. Mas se o ambiente continua o mesmo, a chance de a pessoa voltar a apresentar sintomas existe.
Logo, em muitos casos fazemos um tratamento pontual com medicação, por 6 a 12 meses dependendo do quadro, e a pessoa nesse período repensa sua vida e modifica seu estilo de vida. Quando fazemos a programação de retirada da medicação muitas pessoas mantêm remissão dos sintomas e vive muito bem sem qualquer medicação.
Em outros casos, fazemos o mesmo tratamento pontual, mas a pessoa continua com o mesmo estilo de vida, com trabalho estressante, relacionamentos não saudáveis, e quando programamos a retirada da medicação o paciente volta a ter sintomas e precisamos retomar o uso das medicações.
Existem ainda alguns transtornos mentais que tem um curso crônico, assim como o diabetes e o hipotireoidismo, e o uso de medicações de maneira contínua é fundamental para evitar a exacerbação da doença. É o caso da esquizofrenia e do transtorno bipolar. Isso não significa que a pessoas está dependente da medicação, mas sim que a medicação está sendo necessária para controlar um quadro que já era crônico.
Assim, podemos concluir que as medicações psiquiátricas de um modo geral, quando bem utilizadas e prescritas por profissional habilitado, não causam dependência.
É importante durante o tratamento medicamentoso o seguimento regular com psiquiatra para intervenção em fatores ambientais e psicológicos, a fim de minimizar a chance de recidiva de sintomas quando houver uma programação de suspensão da medicação.
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