Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil tem a maior prevalência estimada de Transtornos de Ansiedade no mundo, sendo este número estimado em 9,3% da população.
Ou seja, estima-se que cerca de 1 em cada 10 pessoas tenha um quadro de Ansiedade Patológica, que traz prejuízo funcional para a mesma.
Este é um número alarmante e que nos faz refletir sobre possíveis explicações para que possamos pensar também em estratégias para reverter esse cenário desfavorável.
Em comentário recente feito por Luiz Felipe Pondé, no Jornal da Cultura, o mesmo colocou que apesar de não vivermos em um estado de guerra, a tensão que vivemos é constante quando se trata de violência, sobretudo em alguns grandes centros urbanos.
Roubos, furtos, bala perdida são situações que fazem parte do noticiário e é impossível sair na rua sem precauções.
A poluição sonora e visual também é uma constante em algumas cidades, e contribui para o estado de estresse.
Soma-se a isso o trânsito, que gera uma carga grande de estresse nas pessoas em seus deslocamentos, e a situação do transporte público, que não raro falha por questões de greve e ou mau funcionamento.
A falta de acesso a parques e espaços públicos com verde e natureza, também é um fator que sem dúvida, se não aumenta o nosso estresse, contribui para o acúmulo dele e maior ansiedade.
Quando o brasileiro quer relaxar, ir para um parque, um restaurante ou espetáculo, as filas e a competição por espaço também se fazem presentes, e é uma tarefa desafiadora fazer isso espontaneamente nas grandes capitais.
Não menos importante são as incertezas sobre economia e empregabilidade.
Coloco ainda o tempo de uso de smartphones, que é um dos maiores do mundo, e que está associado a maiores índices de Ansiedade, seja ele por uma carga crescente de demandas de trabalho, seja ele por "lazer".
Com todos os problemas que uma estimativa pode ter, o número apontado pela OMS é preocupante, e precisamos refletir sobre isso.
O Brasil é um país de grande potencial econômico, humano e natural.
Com o meu viés de viver em São Paulo e da minha especialidade em psiquiatria, e sem querer ser pessimista, coloquei acima reflexões que a minha prática clínica me convida a fazer para que possamos pensar e intervir para viver melhor no país em que nascemos.
Referência
- World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. Geneva: World Health Organization; 2017.
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PATRICIO DE SOUSA FERREIRA
Jose Gleidson Pinheiro Carneiro